domingo, 15 de junho de 2008

Gritos femininos abafam voz de Ana Carolina em show

O sucesso é tanto que a temporada do show da turnê do CD e DVD "Multishow ao Vivo: Ana Carolina - Dois Quartos", da cantora mineira Ana Carolina, prevista para ser encerrada neste domingo (15), teve que ser prorrogada até 22 de junho.


Cantora Ana Carolina apresenta turnê "Dois Quartos" em São Paulo até dia 22 de junho
O público fiel da artista lota todas as cadeiras disponíveis no HSBC Brasil, em São Paulo, onde ela apresenta seu novo trabalho desde o último dia 6, de sexta a domingo. Neste sábado (14), quando a Folha Online assistiu à apresentação, o movimento de pessoas já era grande na porta da casa às 21h, uma hora antes do horário marcado para o começo do show, que atrasou cerca de meia hora.

O show estreou em Belo Horizonte em julho do ano passado e já foi visto por mais de 300 mil pessoas. O trabalho é resultado da primeira produção do selo Armazém, do qual Ana Carolina é dona.

Gritos histéricos


Assim que o auto-falante anuncia a ficha técnica do show, que tem direção de Monique Gardenberg, a platéia, formada majoritariamente por mulheres, começa a gritar, ensandecida. Os gritos são tantos que não se escuta mais o nome de ninguém.

Uma cortina espelhada, como as de cabaré, vai do alto ao chão do palco, e é detrás dela que surge Ana Carolina, de terninho preto, tocando baixo, sob som do estalar de dedos de sua banda. O estética brega está presente o tempo todo no cenário de Gringo Cardia, como na cortina de rosas vermelhas que surge mais para o meio do show.

De cara, ela canta "Cantinho" (Ana Carolina/Gastão Villerov), que tem versos descarados como "olhou bem nos meus olhos/chupou meu pau". Ela emenda com a canção "Eu Sou Melhor Que Você" (Maurício Pacheco), que traz o verso: "Todo homem tem voz grossa e tem pau grande, que é maior do que o meu, do que o seu". Novos gritos histéricos.

Acertada e precisa, a iluminação de Maneco Quinderé é uma espécie de décimo integrante da banda de nove músicos que acompanham Ana, formada por Sacha Amback (teclados), Vinny Rosa (guitarra), Bruno Migliari (baixo), Iura Ranevsky (violoncelo), Leonardo Reis e Siri (percussão), Jorginho Gomes (bateria) e Jurema e Jussara (vocais). A produção musical é assinada por Ana Carolina ao lado de Marcelo Sussekind.

Um telão que desce detrás das cortinas apresenta imagens de pernas femininas e de cenas eróticas sadomasoquistas lésbicas, para Ana Carolina cantar "Eu Comi a Madona" (Ana Carolina/Mano Melo/Antônio Villeroy/Alvim L.). As fãs adoram. Na animadinha "Rosas" (Antônio Villeroy), Ana tenta dançar, um pouco descompassada. A platéia gosta ainda mais e, claro, grita e faz propostas indecorosas à cantora. Para uma mais afoita, ela responde: "Eu também te amo". E o show segue.

Bethânia, Mart'nália e Preta Gil

Após a quinta música, Ana cumprimenta a platéia. "São Paulo está cada vez mais colorida", provoca. Depois conta a história da música que fez para Maria Bethânia, que ligou para a casa dela e ganhou "Eu Que Não Sei Quase Nada do Mar", feita em parceria com Jorge Vercilo.

A cantora lembra que Mart'nália também já ganhou a sua canção, o sucesso "Cabide", carro-chefe do momento samba do show, que tem belo cenário formado por latas furadas dependuradas. Preta Gil também é lembrada, quando Ana Carolina canta "Sinais de Fogo" (Ana Carolina/Antônio Villeroy), música que deu para amiga filha do ministro Gilberto Gil se aventurar como cantora.

Um aquário é trazido para o palco, para produzir sons a partir da água, que introduzem "Confesso", outra feita com Villeroy. Ana toca piano em "É isso aí", sem Seu Jorge, que gravou a versão dela para a música de Damien Rice em 2005, no álbum "Ana e Jorge".

Protesto

O show tem até momento-protesto, com imagens de soldados em um telão, enquanto a cantora canta as músicas "Nada te Faltará", outra parceria com Villeroy, e "O Cristo de Madeira", composição que assina sozinha.

Ana tenta declamar um texto de sua autoria, inspirado livremente no poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e no russo Boris Pasternak. Mas os gritos das fãs abafam sua voz. Ninguém escuta direito.

A cantora italiana Chiara Civello e o músico gaúcho Antonio Villeroy fazem participação especiais em duetos com Ana Carolina. A voz da platéia sobressai mais uma vez em "Quem de Nós Dois", versão dela e de Dudu Falcão para a música de Gean Luca Grignani e Massimo Luca. Ana escuta o público cantar o hit. Afinada, Ana Carolina não inova muito e reproduz os arranjos das canções já conhecidos no CD e DVD.

No bis, o DJ Zé Pedro, que trabalhava no extinto programa de Adriane Galisteu, surge mascarado com suas bolas coloridas no remix de "Eu Comi a Madonna", que encerra a noite. Ensandecidas, as fãs correm para frente do palco, para desejar e tirar fotos de Ana Carolina até o último instante possível.

Ana Carolina
Quando: hoje (15), sexta (20), sábado (21), e domingo (22), às 22h.
Onde: HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281, Chácara Santo Antônio, São Paulo; tel. 0/xx/11/4003-1212; classificação 14 anos)
Quanto: R$ 70 a R$ 170

Fonte: Folha de SP

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