Festa da música

NxZero e Ivete Sangalo vencem o Prêmio Multishow e Lulu Santos foi o homenageado do ano

RIO - O 15º aniversário do Prêmio Multishow de Música Brasileira foi comemorado numa cerimônia que durou uma hora e 50 minutos no Teatro Municipal do Rio com uma premiação diversificada sob o lema "Música pode ser o que a gente quiser" e Lulu Santos como homenageado do ano, como antecipou o Globo Online. Lulu agradeceu com um nada modesto "eu mereço".

O apresentador Lázaro Ramos enfatizou o recorde de um milhão de votos com a ressalva de que cada pessoa só pode votar uma vez de seu computador (mas pode mandar muitas mensagens via celular). Ivete Sangalo e o NX Zero levaram dois prêmios, ela de melhor cantora e de melhor DVD, o ao vivo gravado no Maracanã pelo Multishow. O NX como melhor grupo e melhor cantor para o vocalista Di Ferrero.

Vanessa da Matta (melhor música "Boa sorte/Good luck"), Maria Rita (Melhor CD "Samba meu") e Charlie Brown Jr (Melhor clipe "Pontes indestrutíveis") levaram um prêmio das quatro indicações que tinham. O Capital Inicial, com quatro indicações, nada levou. Pitty e CPM 22 com três indicações cada também saíram de mãos abanando.

Os artistas que entregaram prêmios este ano eram quase todos músicos. A atriz Juliana Paes apresentou a categoria de melhor cantor. Diante da provocação de Lázaro se era cantora, ela arriscou com voz suave uma estrofe de "Desafinado" que, muito adequadamente, terminava com o verso "Eu possuo apenas o que Deus me deu", o que arrancou palmas e murmúrios sugestivos da platéia (mas o que Deus deu a ela estava escondido num vestido longo, com exceção dos ombros nus).
Paralamas e Titãs abriram a noite com "Selvagem" e "Polícia" e, no decorrer, receberam as devidas homenagens das bandas novas Strike e NXZero. Mallu Magalhães cantou muito timidamente "Música urbana nº 2" com voz, violão e gaita. Vanessa da Matta, linda em cena mas vacilante em "Vermelho". Pitty e o Nx Zero fizeram interpretações médias de "Cedo ou tarde", do Nx, e "Pulsos", dela, toda ecológica com um macacão verde, deixando de lado seus constantes figurinos pretos.

Outro momento quase divertido foi a brincadeira de Lázaro com nomes de bandas, alguns auto louváveis como "os Incríveis", outros que considerou antipáticos por ressaltar um dos músicos, tipo Renato e Seus Blue Caps, outros longos como Kid Abelha e os Abóboras Selvagens e outros curtos demais e enigmáticos como NXZero, além dos que usam números como CPM22. Quando Vanessa da Mata recebeu o prêmio de melhor música para "Boa sorte/Good luck", Zeca Pagodinho, que apresentou a categoria com Elba Ramalho, cochichou algo com Elba e esta disse que Zeca estava preocupado porque o tal de Ben Harper não tinha subido ao palco.
Na apresentação da categoria de melhor cantora por Lázaro, entraram em cena algumas sósias quase perfeitas das indicadas, Ana Carolina (um travesti), Maria Rita, Ivete Sangalo, Vanessa da Matta e Cláudia Leite. Um grande grupo de jovens telespectadores do canal sorteados para ver o prêmio do último poleiro do Municipal dividiu seu entusiasmo entre Ivete e Cláudia, uma em final de trabalho de seu DVD ao vivo, a outra lançando DVD gravado na praia de Copacabana, antecipando uma espécie de troca de guarda nas hostes do axé.

E o que dizer de Elza Soares em cena para apresentar o prêmio de Melhor Show puxando palmas para ela mesma por achar que não recebeu a devida recepção, depois ressaltar que estava toda vestida - realmente algo digno de nota -, sempre com aquele sorriso plastificado nos imensos lábios. E Lulu ainda cantou para ela "ô mulata assanhada" (e como). Ana Carolina levou o prêmio por "Dois quartos", outro ao vivo do Multishow, com agradecimentos à diretora Monique Gardenberg e a observação dispensável de que deu muito trabalho fazer (como está em primeiro lugar na parada da revista "Sucesso" o "trabalhão" compensou).
Ivete Sangalo reclamou da calcinha que a incomodava quando agradeceu o prêmio de melhor cantora e, ao receber o de melhor DVD ao lado da diretora Joana Mazzucchelli (que merecia o prêmio de mais letras dobradas no sobrenome), disse que as fãs podem procurá-la à vontade para fotos e autógrafos, um convite um tanto ou quanto arriscado diante de sua popularidade. Um momento interessante foi a apresentação da categoria Revelação por Marina Lima via celular com os cinco indicados no palco cantando "Fullgás", de autoria dela, numa prova ao vivo de seus dotes. Ana Cañas e Strike se saíram melhor do que Vanguart, Diogo Nogueira e Scracho. Marina, agora no palco, premiou o Strike.

A homenagem a Lulu reuniu vários vocalistas no palco em revezamento. Frejat começou com trecho de "Tempos modernos", Samuel veio da platéia com "Um certo alguém" e "Casa", Toni Garrido cantou "Sábado à noite", sucesso de sua ex-banda Cidade Negra, Gabriel O Pensador entrou com "Astronauta'', Rogério Flausino assassinou "Tão bem" e "Assim caminha a humanidade" e Lulu subiu para receber o prêmio-homenagem, com a declaração nada modesta de que é "muito bom ser homenageado": "E quer saber, eu acho que mereço."
Alguns problemas: Lázaro não anunciou que ele era o homenageado do ano, entrou logo Nelson Motta falando dele no telão. Ficou confuso. Havia falas de Lulu no telão ininteligíveis da platéia, ou de parte dela. Todos cantaram "Como uma onda", palco e platéia. Na saída tumulto e expectativa da festa que varou a noite no Jockey Club.

Fonte: O Globo