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Completando uma década de carreira na Cidade Maravilhosa, Ana Carolina apostou em participações internacionais no disco, como a italiana Chiara Civello, que coassina “Traição”, “8 estórias”, “10 minutos” e “Resta”. Dos Estados Unidos, Esperanza Spalding empresta sua pegada jazzística à “Traição”, enquanto John Legend completa o duo com letra e voz para a suingada “Entreolhares”, primeira música de trabalho do CD, que já se encontra disponível nas lojas.
Encerrar um ciclo e iniciar outro não parece ser obstáculo para Ana Carolina, que segue entre as maiores compositoras do país, sem deixar seu romantismo para trás. O que pode ser conferido em versos como “Eu já não sei respirar / Quando estou ao lado seu / Juro que me falta ar”, de “Resta”. Afinal de contas, Ana Carolina é uma artista que não esconde que ama. E nem pretende parar de falar de amor.
Tribuna - Em “Dois quartos”, seu penúltimo CD, você toca baixo e faz um som mais pesado. Qual é a cara de “Nove”?
Ana Carolina - Se vai ser mais balada ou mais rock’n’roll eu nunca sei, só faço as canções. Em “Nove” a suavidade reinou porque tem baladas como “Dentro” e “Traição”, em que eu canto de uma maneira mais minimalista.
- O samba continua reinando também?
- Depois que eu fiz “Cabide” para a Mart’nália, fiquei mais à vontade para persistir e criar canções do estilo. Então fiz o samba “Torpedo”, que ficou três meses sem letra, e eu resolvi mandar para o Gilberto Gil, achando que era a cara dele. Em dois dias, ele me mandou a letra. Já o outro samba, “Tá rindo, é?”, é uma parceria com Mombaça e Antonio Villeroy. Este (ultimo) é uma espécie de Erasmo (Carlos) para mim.
- Como foi trabalhar com Chiara Civello?
- Chiara assina comigo “Traição” e “Resta”, uma balada que mistura música brasileira e italiana. Depois, a gente fez “10 minutos” e “8 estórias”, uma canção ficcional, em que todo mundo pergunta se eu fiquei com aquelas oito meninas, mas não é nada disto. O mais engraçado é que a versão da Chiara, em italiano, fala de meninos, enquanto eu quero falar das mulheres.
- E com os americanos?
- Para “Traição”, eu chamei Esperanza Spalding, uma cantora muito popular no jazz americano, que toca baixo e canta na faixa. Teve também John Legend, que sempre fui fã, mas não conhecia, na faixa “Entreolhares” que fiz com Antonio Villeroy.
- Apesar de mais coeso, “Nove” seria seu trabalho mais consistente?
- O lado autoral está vindo cada vez mais com força, e as pessoas me pedem música. Maria Bethânia foi a primeira pessoa que gravou uma música minha, “Pra rua me levar”, e logo me pediu outra, “Eu que não sei quase nada do mar”, que fiz com Jorge Vercilo. Comecei a compor para as pessoas, e isso é um ponto muito importante. Uma coisa é você ser uma “cantautora”, que fica mostrando o que é seu mas não contribui com outros intérpretes. É preciso assinar, deixar sua marca.
- Antes de gravar “Ana Carolina” (1999), seu primeiro CD, você mostrava seu som em Juiz de Fora. Como foi este início de carreira, em que você dividia os palcos com a Faculdade de Letras na UFJF?
- Eu lembro de muitas pessoas da cidade, como Luizinho Lopes, que foi o primeiro cara que me chamou a atenção para a composição. Ele tinha aquela atitude de chegar e cantar as canções dele, sem tocar um cover. Que legal poder afirmar: “sou compositor, e olha aqui minhas letras”. Gosto muito das meninas do Lúdica Música!, que, inclusive, abriram um show meu em Belo Horizonte. Tive o prazer de dividir o palco com nomes como Knorr, Adilson Santos, Dudu Lima - um grande baixista -, Alex Scio, Tânia Bicalho, Marcela Lobo, Cristiane Vicentin e Salim.
- Novos talentos de Juiz de Fora, como a Myllena, têm buscado seu lugar ao sol, muitas vezes inspiradas em você. Qual seria o caminho?
- A Myllena é maravilhosa. É uma grande promessa para Juiz de Fora, pois tem presença e compõe bem. O principal para uma cantora é a composição. Tem que compor e ter o próprio texto.
- E qual é a receita para alcançar a “tonalidade” certa?
- É muito subjetivo. Gosto é o que se discute neste momento. Tem gente que faz uma canção harmonicamente sofisticada, e nem sempre ela é tão boa como uma de três acordes. Músicas simples, como as de amor, na qual tudo já foi dito, é muito difícil ser diferente. É mais fácil fazer uma canção complicada, que trate de um assunto diferente, que uma música simples que esboce o que já foi tratado. Pois é preciso tocar o outro, e isto só vale a pena quando nossa arte consegue se comunicar.
- De cara, você emplacou o primeiro trabalho fonográfico, “Ana Carolina”, nas paradas de sucesso. Inclusive, faturou o Prêmio Multishow em 2000 na categoria revelação. Este foi seu divisor de águas?
- O grande passo para mim foi ter uma canção deste disco numa novela. Muito mais que qualquer rádio AM ou FM. Rolou ainda uma comparação com a Cássia Eller no início, e sofri por causa disto, embora tenha sido uma honra. Eu gravei o disco morando em Juiz de Fora. Ficava em um hotel no Rio e voltava. Quando começou a dar certo, mudei para cá.
Na ponta da língua
Ana Carolina
> Livro
“A elegância do ouriço”, de Muriel Barbery
> CD
“Amoroso”, de João Gilberto
> Música
“Choro bandido”, de Chico Buarque e Edu Lobo
> Prato
Feijão
> Sexo
Na cama
> Amor
Companheirismo
> Traição
Sem definição
> Merece bis
Eu, Alcione e Maria Bethânia em Santo Amaro
> Nunca
Julgar
> Sempre
Agir com o coração
> Vai no epitáfio
Desculpem a poeira
Fonte: Tribuna de Minas (12/08/09)
Um comentário:
Ana Carolina, eu admiro seu trabalho, sou compositor, tenho algumas músicas inéditas....gostaria de lhe enviar material do meu trabalho!!!!!
Acredito que vc vai gostar...
meu e-mail é : georgia-lacerda@hotmail.com.
Por favor, me responda!!!!
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