quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mistureba pop do Multishow tem sabor popular

Misture-se. Apesar do lema libertário, a 16ª edição do Prêmio Multishow não laureou toda a diversidade que pauta a música brasileira, mas, sim, a vertente mais popular da produção pop nacional. Por ser regida pelo gosto discutível de fãs, a premiação do canal de TV Multishow permite que um grupo juvenil como o NX Zero fature o troféu de Melhor CD (no caso, por Agora), derrotando concorrentes mais alentados como o quarteto Skank (Estandarte) e Marcelo D2 (A Arte do Barulho). E disputando com nomes que, a rigor, nem deveriam estar ali não fosse a devoção de comunidades e clubes de fãs. Caso de Cláudia Leitte, indicada na mesma categoria por seu insosso CD Ao Vivo em Copacabana. Aberrações à parte, é justo admitir que o Prêmio Multishow encontrou em 2009 um tom mais jovial, condizente com a programação musical do canal que promoveu a cerimônia realizada na noite de terça-feira, 18 de agosto de 2009, na casa Citibank Hall. Longe dos rigores do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o prêmio ficou mais espirituoso. Mérito talvez de sua nova diretora, Joanna Mazzucchelli, responsável por uma festa-show ágil que pôs o público-fã na beira do palco. É fato que os números musicais deste ano não reeditaram o brilho de edições anteriores, mas o que importou foi o clima de confraternização. Música não é uma atividade competitiva - como bem lembrou Marisa Monte ao receber o troféu de Melhor Cantora que poderia ter ido parar nas mãos de Ana Carolina, Ivete Sangalo, Roberta Sá ou de Vanessa da Mata - e o Prêmio Multishow seduziu por esse ambiente de fraternidade (genuína ou ensaiada, não importa) que se impôs na cerimônia. Cuja mistureba pop teve, claro, sabor forçamente popular. É por isso que a inexpressiva Banda Cine, alvo do afeto de adolescentes, se sagrou a Revelação do ano. É por isso que os autores da balada Amado, Vanessa da Mata e o emergente Marcelo Jeneci (em foto de Marcelo Bruno, da Agência MT), subiram ao palco do Citibank Hall para receber o prêmio de Melhor Música por uma canção que, a rigor, foi lançada em 2007. É por isso que o Capital Inicial foi laureado com o troféu de Melhor Show por conta de um espetáculo editado em série ao vivo do próprio canal Multishow. É por isso, por fim, que o Fresno foi eleito o Melhor Grupo numa categoria que, a rigor, deveria ter premiado o Skank, laureado com o troféu de Melhor Clipe (o de Ainda Gosto Dela, dirigido por Hugo Prata, com Samuel Rosa e Henrique Portugal na foto de Marcelo Bruno) e com o Prêmio Iniciativa. Este - conferido pela atenção que o quarteto vem dispensando às novas mídias e modalidades de interação virtual com os fãs - sinaliza que o Prêmio Multishow entende que os tempos estão mudando e que já há outras formas de se consumir e obter música. A festa-show foi bonita, teve sua razão de ser e fez sentido, dentro da lógica populista que norteou tal mistureba pop.

Fonte: Blog do Mauro Ferreira

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